Colectividade de Utilidade Pública com 120 anos de existência, sediada em Santa Iria de Azóia.
Descrição da empresa
No dia 1 de Agosto de 1893, reuniu um grupo de 33 homens na casa que pertencia ao Sr. Adrião Rodrigues, situada na actual Rua D. Afonso Henriques.
O objectivo da reunião foi fundar uma Instituição de Instrução e Recreio em Santa Iria de Azóia. Na altura, veio a designar-se por Grémio Recreativo e Musical 1.º de Agosto Santa Iriense.
Desta reunião saiu a primeira Direcção, presidida pelo Sr. Manuel Cardoso que tinha como secretário o Sr. Francisco Pedro Porto e tesoureiro o Sr. Francisco Serra Tarré, os quais, durante alguns anos, dirigiram os destinos desta Casa.
No dia 5 de Agosto do mesmo ano, reuniu, pela primeira vez, a Direcção.
Depois de resolvidas determinadas dificuldades, foi necessário encontrar alguém que financiasse a compra dos instrumentos musicais. Dando a conhecer as suas intenções ao Ex.mo. Sr. D. Tomaz Reynolds, propôs-lhe a Direcção um empréstimo para a compra dos mesmos. É difícil descrever o entusiasmo que se verificou quando o Sr. D. Tomaz Reynolds, em resposta ao apelo, lhes declarou que não emprestava, mas sim, que tinha o maior prazer em oferecer.
O Grémio iniciou a sua acção no campo musical, formando uma Fanfarra, a qual, anos depois, se tornou Banda. Em 17 de Setembro de 1893, a Fanfarra teve o seu primeiro ensaio dirigido pelo Sr. Alfredo Jorge Gonçalves que cobrava 1$20 por lição.
Devido a certos conflitos entre associados do Grémio, a Banda de Música esteve inactiva de 1929 a 1932.
O Grémio esteve sediado na referida casa até 1896 passando, posteriormente, para a Rua João de Deus. Só em 1939 passou para o “Rossio”, actual Largo da Sociedade 1.º Agosto.
Notando-se, já no ano de 1935, que as instalações do grémio não eram suficientes para o movimento associativo existente, lançou-se a ideia de construção de uma nova sede, ideia essa apresentada pelos senhores Jerónimo da Silva Pinto, José Soares, Francisco Rafael Gomes, Acácio Vítor, Dinis Pedro Mendonça, Agostinho Ramos e Alípio da Silva, que formaram a “Comissão de Iniciativa”.
Em Março de 1937 é convocada uma Assembleia Geral Extraordinária para apresentação do projecto concebido pelo Sr. Tiago dos Santos, da Póvoa de Santa Iria, e aprovado pela Junta de Freguesia de Santa Iria de Azóia e Câmara Municipal de Loures. Ainda nesta assembleia, os sócios aproveitaram para oferecer os seus préstimos, dentro das suas capacidades e disponibilidade, o que logo veio a deixar a Comissão bastante satisfeita pelo entusiasmo demonstrado.
Assim, no decorrer do mês de Abril do ano de 1937, começou a terraplanagem do local onde iria ser construída a nova sede da nossa Instituição. Extremamente dura, esta fase, pois foi tudo feito sem máquinas, por capricho de alguns sócios mais entusiastas.
Ainda assim, o solo ficou com uma ligeira inclinação, o que não afectou as obras, e, abertos os caboucos, aproveitou-se a visita do Ex.mo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Loures, o Sr. Dário Canas, para o lançamento da primeira pedra. Dada a pancada de estilo, subiram uma girândola de foguetes acompanhados com fortes aplausos da assistência, enquanto a Banda do Grémio interpretava a “Maria da Fonte”. Em 1939 já se encontrava finalizado o telhado do edifício.
Em 1939 foi instalada, na nova sede, uma central eléctrica, cujo material e motor foram cedidos pela Companhia Industrial Portuguesa. Posteriormente, foram colocadas quatro lâmpadas (balões) nos vértices da varanda da Sociedade que aí estiveram até à electrificação da Freguesia; desta forma, todas as noites, estava o Rossio iluminado.
Devido às condições já existentes, levaram-se a efeito diversos espectáculos que possibilitaram à Comissão Executiva a angariação de fundos para os encargos inerentes aos acabamentos da construção da sede.
Em Abril de 1940, a Junta de Freguesia de Santa Iria de Azóia, através da Câmara Municipal de Loures, atribuiu um subsídio de 4.000$00 para as obras.
Passando-se tudo isto durante a II Guerra Mundial, decidiu-se comprar um aparelho de rádio (que custou 2.160$00) para que a população tivesse conhecimento do que se estava a passar pela Europa fora.
Com a compra de tal aparelho foi notória a maior afluência do povo às instalações da Colectividade.
Aproveitando este facto, e tendo todas as condições, estabeleceu a Colectividade contactos com uma empresa cinematográfica que possuía uma aparelhagem volante para, assim, passar diversas sessões de cinema. O primeiro filme exibido na Colectividade foi “Maria Papoila”, cujo preço dos bilhetes foi 1$50 para a plateia e 2$50 para a galeria.
Devido ao grande avanço em que se encontravam as instalações, foi celebrado o primeiro seguro da sede com a Companhia de Seguros Norwich Union.
O primeiro gabinete a ser acabado era destinado ao Posto Médico, podendo, então, ser transferido da velha sede, onde permanecera quase meio século. Posto isto, devolveram-se as chaves ao Sr. Henrique Reynolds que se mostrou sensibilizado pela obra que estava a ser erguida pelo povo de Santa Iria de Azóia.
Em 15 de Março de 1942, como consta em acta, foi cedido à Colectividade o terreno onde estava a ser construída a nova sede, pelo reconhecimento de necessidade da sua existência, pelos benefícios que prestava, não só para fins culturais como também de beneficência, assistência médica e educação.
Antes da sua conclusão foi instalada uma biblioteca e uma sala de jogos (bilhar e ténis de mesa), mantendo-se em actividade a Banda de Música, diversos grupos dramáticos e outras actividades.
De todas as actividades, destacam-se a música e o teatro, como pontos fortes da cultura e recreio. Na vertente social, há a destacar o posto médico, bem como todos os médicos que por ele passaram, a quem muitos santa irienses “devem” a vida de muitos familiares e amigos.
No dia 23 de Dezembro de 1945 procedeu-se ao que todos ansiavam: à inauguração oficial das novas instalações, coincidindo com a mudança de nome da Agremiação (imposta por decreto lei do Estado) para Sociedade Recreativa e Musical 1.º de Agosto Santa Iriense. Pelas 8 horas, ao içar das bandeiras, lançou-se uma girândola de 30 morteiros. Pelas 15 horas, com a presença do Ex.mo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Loures, acompanhado pela direcção da Colectividade, o executivo da Junta de Freguesia e outras individualidades convidadas, deu-se início à efeméride.
Depois de visitadas todas as dependências da nova sede, realizou-se uma sessão solene presidida pelo Sr. Dário Canas, presidente da Câmara Municipal de Loures, tendo sido secretariado pelos senhores Carlos e Ricardo Reynolds, Isidoro Costa, Prof. Luís Sebastião Alves, Domingos da Silva Agulheiro, José Soares e José da Costa Abreu.
Aberta a sessão, o Sr. José Soares, como presidente da Mesa da Assembleia Geral e secretário da Comissão Executiva da nova sede, saudou as autoridades presentes e os representantes das diversas colectividades; agradeceu a colaboração que a Câmara prestou à aludida construção, bem como o auxílio que muitas entidades deram para a edificação daquela obra. Aproveitando o facto de estar presente o presidente da Câmara, o Sr. José Soares apelou em nome da população à edilidade para que se electrificasse a Freguesia dado o grande incremento que a mesma tinha tomado.
Em seguida, discursaram ainda os senhores da Mesa que felicitaram o povo de Santa Iria de Azóia pelo seu esforço, pelo seu sacrifício, pela construção daquele magnífico edifício. Por último, falou o presidente da Câmara Municipal de Loures saudando a população da freguesia pelo grande melhoramento, aproveitando o facto para prometer breve solução da electrificação de Santa Iria de Azóia. A sessão terminou com muitos vivas à Colectividade seguindo-se uma actuação da Banda da Sociedade Euterpe Alhandrense.
Depois de inaugurada a nova sede, electrificada a Freguesia e a Sociedade, conseguiu, esta, através de conhecimentos e influências, obter o alvará para a instalação e exploração de espectáculos de cinema.
No que concerne à actividade do Posto Médico, na altura, com o apoio do Dr. José Isidro, tentou angariar-se fundos para a aquisição de uma ambulância.
No âmbito musical, atravessavam-se maus momentos, pelo que a Banda acabou por encerrar a sua actividade nos anos 50.
Nos anos 50/60, passaram pela Colectividade, muitos artistas consagrados, como por exemplo: Artur Garcia, António Calvário, Simone de Oliveira, entre muitos outros.
O Grupo Cénico da Colectividade nunca deixou de levar espectáculos à cena, como foram “A Flor do Mondego” e o “Variedades”, no ano de 1956.
Em 1964 foi inaugurada, por Alves Redol, a Biblioteca que ficou com o nome do mesmo.
Os anos iam passando, a população de Santa Iria de Azóia ia aumentado, assim como também o número de associados da Colectividade...
Assim, nos finais dos anos 60, volta a verificar-se a insuficiência das instalações. Como a área total do terreno pertencia à Sociedade, aproveitando as partes laterais, designadas por quintais, os dirigentes estudaram a possibilidade do seu aproveitamento, como também do fundo do edifício. E foi assim que nos princípios dos anos 70 se executaram as alterações atrás indicadas.
Ao longo de todos estes anos, deu-se início a muitas e diversas actividades, tais como, o TASIA – Teatro Amador de Santa Iria de Azóia (....), Ginástica (1982), Ténis de Mesa (1984), Orquestra Ligeira Juvenil (1986), Cicloturismo (1988), Grupo Coral (1989), Rancho Folclórico (1993), Grupo de Música Popular Portuguesa e Estrangeira “MAP” (1993), Snooker e Bilhar (1995), Grupo de Teatro “Outra Geração” (1996). Umas mantêm-se em funcionamento até aos dias de hoje; algumas foram interrompidas e retomaram, entretanto, a actividade: Orquestra Ligeira, Grupo de Teatro (2005) e Grupo de Música Popular Portuguesa (2006); outras nasceram recentemente como são exemplo as Marchas Populares (2005) ou o Grupo de Fadistas (2006).
Para além das mencionadas actividades de cultura e recreio, os nossos cerca de 2000 associados têm ainda à sua disposição serviços de Farmácia, Posto Médico, Campismo e Bar, com vista panorâmica para o Tejo (obra de 1992), local privilegiado de confraternização entre os sócios.
Apesar dos muitos obstáculos, que têm vindo a ser ultrapassados, muito nos orgulhamos, hoje, das cerca de 19 áreas / secções activas e de todo o trabalho levado a cabo, ao longo destes quase 115 anos de existência, nesta Colectividade de Utilidade Pública desde 1989, à qual foi atribuída Medalha de Mérito Associativo pela Federação da Colectividades de Cultura e Recreio em 1993, Medalha de Ouro do Concelho pela Câmara Municipal de Loures em 1993 e Membro Honorário da Ordem de Mérito pela Presidência da República em 1993.

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